Com perdão do trocadilho, não há assunto que mova mais os moradores das grandes cidades brasileiras do que a mobilidade urbana. No Recife, cuja frota é de quase seiscentos mil veículos, com projeção de chegar a um milhão em menos de dez anos, a preocupação com o tema é proporcional à impaciência dos motoristas parados no trânsito.
Para o presidente do Instituto da Cidade Engenheiro Pelópidas Silveira (ICPS), Milton Botler, as soluções para o problema passam por um pacto que envolva poder público, universidades, empresas e sociedade civil, a exemplo do que foi feito em Barcelona há quase quinze anos. O pacto da cidade catalã deu origem a um plano de mobilidade que prioriza o deslocamento das pessoas e não dos veículos.
Milton Botler, da PCR, defende um pacto pela mobilidade no Recife
O resultado é que hoje metade das viagens feitas em Barcelona, para trabalho, estudo e negócios, é feita a pé, uma realidade proporcionada por calçadas bem pavimentadas e livres de obstáculos. O ciclismo também foi estimulado com a implantação de ciclofaixas e um sistema público de aluguel de bicicletas. Há ainda uma excelente malha de metrô e de ônibus. Com as restrições ao uso do carro, como ocorre nas principais cidades do mundo, uma parte considerável das viagens é feita também com transportes públicos.
O exemplo de Barcelona foi exposto entre os dias 20 e 22 de junho durante o Seminário Cidade e Mobilidade, promovido pelo Instituto da Cidade Engenheiro Pelópidas Silveira (ICPS), em parceria com a Universidade de Pernambuco (UPE) e a Universidade Politécnica da Catalunha (UPC), através da Rede Universitária Iberoamericana de Técnicas Municipais (RUITEM).
Professor da Universidade Politécnica da Catalunha, Francesc Ventura, fala sobre o pacto que deu início a um dos mais eficientes projetos de mobilidade urbana da Europa.
O seminário teve também a participação de especialistas do Peru e da Colômbia, que apresentaram as experiências de mobilidade das cidades de Lima, Bogotá e Medelin. O destaque foi o sistema Transmilênio, inspirado nos corredores de ônibus de Curitiba, e os teleféricos, que permitem a mobilidade da população que mora nas áreas elevadas de Medelin.
Ximena Cantor, da Universidad Nacional de Colômbia, apresentou os projetos de Bogotá e Medelín
Por Antônio Martins Neto
Editor do Blog Mundo Possível