O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moom, disse hoje que um acordo abrangente e obrigatório sobre as mudanças climáticas dificilmente será alcançado em Durban, na África do Sul, onde está sendo realizada a COP17.
“Pode ser verdade, como muitos dizem: o objetivo final de um acordo global e vinculativo sobre as alterações climáticas pode estar além do nosso alcance – por enquanto”, disse Ban Ki-moom ao avaliar os primeiros nove dias de negociação.
Segundo o secretário-geral da ONU, a crise econômica enfrentada por muitos países, em especial os Estados Unidos e as nações da Zona do Euro, teria ofuscado as conversas durante a conferência que tenta um acordo para substituir o Protocolo de Quioto, com validade até o final de 2013.
O representante maior das Nações Unidas apontou também as diferenças políticas da maioria dos países, assim como as prioridades e estratégias conflitantes para resolver o problema das mudanças climáticas, como as razões para a baixa expectativa em relação à COP17.
“Estamos procurando apenas avanços incrementais”, disse.
A apenas três dias para o fim da conferência ainda não está claro se vai haver avanço em alguma das principais questões discutidas no encontro, como a implantação de um fundo climático verde, o futuro do Protocolo de Quioto e a assinatura de um novo tratado global sobre o clima, mesmo que seja um compromisso mais fraco.
O fundo bilionário verde, que seria utilizado para financiar as ações de combate às mudanças climáticas adotadas pelo países em desenvolvimento, conta com a oposição dos Estados Unidos.
O país, um dos maiores poluidores do planeta, argumenta que falta transparência na forma como o fundo seria administrado.
“Pelo menos 20 países têm sérios problemas com o fundo”, disse Todd Stern, enviado especial dos EUA para a mudança climática.
“Eu não tenho nenhuma razão para pensar que não dará certo neste momento. Somos fortes defensores do fundo. Eu sou muito otimista quanto a isso”, desconversou Stern.
A questão mais complexa, no entanto, é o futuro do Protocolo de Quioto, único tratado do mundo que estipula reduções nas emissões de gases de efeito estufa e que os EUA se recusaram a assinar.
O “período de compromisso”, segundo o qual países desenvolvidos se comprometeram a reduzir suas emissões em uma média de 5%, se esgota em 2012.
Japão, Canadá e Rússia disseram que não assinarão uma extensão do tratado, deixando a União Europeia como a única grande economia desenvolvida dispostos a considerá-lo.
Já a China, outra grande polidora, até agora tem sido ambígua nas negociações.
O Ministro Xie Zhenhua, que chefia a delegação chinesa, afirmou que o país está disposto a participar de um “documento legal”, mas vários países consideraram esse termo vago e pouco claro.
Hoje, Xie Zhenhua reiterou o apoio da China a uma continuação do Protocolo de Quioto.
“Um segundo período de compromisso é uma obrigação. (Quioto) deve ser continuada. Os países desenvolvidos devem honrar os seus compromissos”, disse.
Enquanto isso, cientistas e economistas alertam para os riscos que o mundo deve enfrentar nas próximas décadas.
A Agência Internacional de Energia informou que os postos de combustíveis fósseis e as grande estruturas consumidoras de energia a serem construídas nos próximos três a cinco anos podem determinar todo o futuro do planeta.
Já a revista Nature trouxe na edição do último domingo um artigo de cientistas informando que as emissões globais de combustíveis fósseis subiram pela metade desde 1990, quando as negociações das Nações Unidas sobre o tema estavam apenas começando.
Com informações do jornal britânico The Guardian
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