LISBOA – O conceito de economia verde surge do reconhecimento de que é necessário garantir a sobrevivência da espécie humana e o progresso do mundo atual sem ameaçar os recursos ambientais nem comprometer o futuro das próximas gerações.
Calcula-se que essa nova economia possa gerar 60 milhões de novos postos de trabalho nos próximos 20 anos e movimentar bilhões de dólares, mas para que ela se desenvolva é necessário muita ousadia e persistência do poder público, das empresas e dos trabalhadores.
Essas duas qualidades fizeram com que surgisse em 2008, em Portugal, a primeira central de energia solar fotovoltaica de grande porte do mundo.
Até então, acreditava-se que os painéis fotovoltáicos só eram viáveis para gerar energia em aplicações de pequeno porte, como em residências, por exemplo.
A central fica na região com maior incidência solar de Portugal, o Alentejo, na vila de Amareleja, e hoje pertence ao conglomerado empresarial espanhol Acciona.
Custou o equivalente a 780 milhões de reais e produz energia suficiente para abastecer 30 mil casas por ano, evitando a emissão de 89 mil toneladas de CO2, um dos gases do efeito estufa.
É como se 40 mil carros saíssem das ruas do dia pra noite e deixassem de poluir.
A estrutura gigantesca é formada por 2520 coletores de energia solar, cada um composto por 104 painéis fotovoltaicos.
Os empresários e técnicos portugueses que desenvolveram o projeto passaram seis anos para levantar recursos e receber a licença do governo.
Tiveram até que propor ao parlamento uma mudança na legislação, que limitava a geração de energia a partir de painéis fotovoltaicos a apenas 50 MW.
Mas eles persistiram e hoje são referência para o mundo como pioneiros nessa tecnologia.
Por Antônio Martins Neto
O repórter viajou a Portugal com apoio da Fiepe