Regras cada vez mais rigorosas adotadas pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos tem aumentado o envio de baterias usadas pelos norte-americanos para reciclagem no México, onde métodos rudimentares para a retirada do chumbo expõem trabalhadores e moradores a níveis perigosos de radiação.
A denúncia, publicada no jornal The New York Times, foi feita pelo grupo ambiental Fronteras Comunes, que atua na cidade do México.
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Segundo a reportagem de Elisabeth Rosenthal, as baterias são importadas por canais oficias ou contrabandeadas para a retirada do chumbo, metal que se tornou excasso diante da demanda global e crucial para as redes de telefone celular, matrizes de energia solar e para a crescente indústria automobilítica da China.
As autoridades ambientais mexicanas reconhecem a falta de dinheiro, pessoal e tecnologia para fiscalizar as novas fábricas de reciclagem de bateria que se espalham rapidamente pelo país, principalmente pelos bairros mais humildes, onde o chumbo é manuseado sem qualquer proteção.
Já a legislação ambiental norte-americana obriga as empresas de reciclagem de bateria a operar em locais selados e mecanizados, semelhantes aos que manipulam germes perigosos.
Uma bateria usada abriga até 18 quilos de chumbo, metal que em contato com o ser humano por causar nos adultos aumento da pressão arterial, danos ao fígado e dores abdominais. Já as crianças podem ter problemas no desevolvimento neurológico.
Quando as baterias são abertas para a retirada do chumbo, o metal sai como pó e, ao passar pelo processo de fusão, libera gás tóxico na atmosfera.
O chumbo das baterias velhas norte-americanas têm contaminado o solo e o ar perto das fábricas de reciclagem, em meio a casas e até escolas.
Ao analisar o solo de uma escola mexicana, a reportagem do NYT encontrou uma quantidade de partículas de chumbo cinco vezes maior que o limite permitido pela Agência de Proteção Ambiental em áreas com crianças nos EUA .
No México, a legislação é mais branda e permite às fábricas que fazem fusão e reciclagem liberar no ambiente uma quantidade de chumbo vinte vezes maior que o determinado pelas leis dos EUA.
Ainda assim, empresários norte-americanos com empresas de reciclagem no México admitem desrespeitar a norma.
Enquanto isso, os navios com o lixo tóxico norte-americano chegam com cada vez mais frequência ao México.
O The New York Times analisou as estatísticas oficiais de comércio internacional do EUA e descobriu que atualmente 20% das baterias de carro e industriais usadas pelos americanos são exportadas para o México, contra 6% em 2007.
Até o final de 2011, o departamento de estatística comercial dos EUA estima que 20 milhões de baterias cruzem a fronteira com México, sem contar com as unidades contrabandeadas e o chumbo em meio a sucata de metal e produtos usados.
A reportagem mostra as vítimas do comércio entre os dois países, como a pequena Mariel Landeros, que passou a ter convulsões logo nos primeiros meses de vida, desde que uma fábrica de reciclagem começou a operar em frente a sua casa Naucalpan de Juárez.
Exames feitos no Instituto Nacional de Pediatria, na cidade do México, constataram que a a criança tinha 18.4 microgramas de chumbo por decilitro de sangue aos dois meses de idade.
Dois meses depois, a taxa subiu para 24.8 e ela passou a tomar fortes medicamentos para liberar o chumbo pelo fígado.
Mas as sequelas pela exposição ao metal podem ser irreversíveis.
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção dos Estados Unidos, 10 microgramas de chumbo por decilitro de sangue podem causar défcit de inteligência, dificuldades de leitura e aprendizado, deficiência auditiva, défict de atenção, hiperatividade e comportamento antisocial.
Clique aqui para ver o vídeo produzido pela repórter Elisabeth Rosenthal