Desenvolver benefícios sustentáveis de infraestrutura urbana para o meio ambiente pode também impulsionar o crescimento econômico e a estabilidade social, de acordo com um relatório das Nações Unidas divulgado esta semana, que ressalta a necessidade da transição para tecnologias de recursos eficientes nas cidades, dada a escassez de recursos naturais.
“Até os dias de hoje, a tendência para a urbanização tem sido acompanhada pelo aumento da pressão sobre o meio ambiente e um número crescente de pobres urbanos”, disse o Diretor Executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner, durante o lançamento de um relatório em Nairóbi, no Quênia.
“Mas existem oportunidades únicas para as cidades liderarem o ‘esverdeamento’ da economia global, aumentando a produtividade dos recursos e a inovação, enquanto conseguem grandes economias financeiras e lidam com os desafios ambientais”, disse Steiner.
O relatório — “Dissociação ao nível das cidades: fluxos de recursos urbanos e a governança da transição de infraestrutura” — argumenta que as infraestruturas sustentáveis das cidades podem impulsionar o crescimento econômico usando menos recursos.
Cerca de três quartos dos recursos naturais do mundo já são consumidos nas cidades e a proporção da população mundial que vive em áreas urbanas deverá aumentar em 70% até 2050.
O estudo diz que um esforço muito maior é necessário para sustentar uma infraestrutura nova e melhorada de água, energia, transportes, resíduos e de outros setores — geralmente localizados no centro e ao redor das cidades — para afastar o mundo dos padrões insustentáveis de consumo e evitar as graves implicações econômicas e ambientais para gerações futuras.
Oportunidades e exemplos sustentáveis
O relatório, que foi produzido pelo Painel de Recursos Internacional (em inglês, IRP) — apoiado pelo PNUMA –, apresenta 30 estudos de casos em todo o mundo que mostram como as infraestruturas sustentáveis criaram dezenas de empregos verdes e a redução da degradação ambiental.
Por exemplo, em Melbourne, na Austrália, as emissões de carbono caíram em 40% depois da introdução das medidas de eficiência energética em edifícios públicos, enquanto na Cidade do Cabo, África do Sul, uma reforma em casas de baixa renda com aquecedores solares de água e iluminação eficiente economizou mais de 6.500 toneladas de carbono por ano, reduzindo as doenças respiratórias em 75% e o custo da água quente para as famílias pobres.
Outros esforços envolvem a redução do consumo de petróleo ao transportar mais pessoas e mercadorias em veículos públicos movidos à eletricidade, ou re-estabelecendo fazendas urbanas no comércio de alimentos cultivados localmente.
O custo de satisfazer as exigências de infraestrutura urbana no mundo, entre 2000 e 2030, é estimada em 40 trilhões de dólares — tanto através da construção de novas infraestruturas como por meio da adaptação das instalações existentes, afirma o relatório.
“As cidades mais velhas podem ter de reformar e substituir a infraestrutura ineficiente nas quais elas estão presas há décadas para atingir a dissociação, mas as cidades mais recentes e em crescimento têm a vantagem da flexibilidade. Elas podem ‘acertar’ de primeira”, disse o Diretor Executivo da ONU-Habitat, Joan Clos.
“Em uma época de aumento dos preços de energia, uma rápida transição para sistemas que consomem cada vez mais fontes de energia renováveis e mais baratas, vai se recompensar rapidamente”, disse Clos.
O relatório também oferece recomendações para os planejadores de cidades para minimizar os danos ambientais e maximizar o potencial de utilização dos recursos de forma mais sustentável.
informações: ONU Brasil
Imagem: PNUMA