A falta de saneamento, o que para muitos quer dizer falta de banheiro mesmo, tem sido uma das principais barreiras à promoção da saúde nos países mais pobres do mundo.
Calcula-se que 2,5 bilhões de pessoas não tenham acesso a saneamento básico e, desses, pelo menos um bilhão não têm sanitário em casa.
Evacuam e urinam em qualquer lugar, ao ar livre, aumentando o risco de propagação de doenças.
A saída para um problema tão básico pode estar na alta tecnologia, mais precisamente na nanotecnologia, que trabalha no nível das moléculas e dos átomos.
Pesquisadores da Universidade de Cranfield, na Ingaterra, criaram um sanitário com nano membranas capaz de tratar os dejetos humanos no local onde eles são despejados, ou seja, no banheiro.
A grande vantagem da inovação é não precisar de água nem de energia, dois recursos escassos que dificultam o acesso ao saneamento nos países pobres.
Pelo contrário, o sanitário com nano membranas transforma fezes e urina em energia e água limpa, para ser usada na rega de plantas e na limpeza da casa.
Outro subproduto é o adubo orgânico para ser usado em hortas e plantações de subsistência.
A descarga do equipamento tem um mecanismo de rotação que transporta o dejeto para o depósito do sanitário sem precisar de água.
Esse mesmo mecanismo bloqueia a visão do dejeto e a passagem do odor, o que permite a instalação dentro de casa.
No depósito, a parte líquida se separa da sólida pela sedimentação sendo depois filtrada pelas nano membranas e transformada em vapor.
O resultado é a água limpa, já sem qualquer contaminação, pronta para ser usada.
A parte sólida vai para outro compartimento e passa por um tratamento de parafina para parar a decomposição e eliminar agentes patogênicos.
Nesse processo, é gerada a energia necessária para fazer com que o sanitário funcione.
O equipamento high tech ainda está em fase de experimentação com alguns protótipos em fase de teste em Gana, na África, com ajuda da Bill and Melinda Gates Foundation.
Uma das grandes vantagens do sanitário com micro membranas é que ele permite o tratamento do resíduo no local, sem a necessidade de instalação de rede de esgoto e de estações de tratamento.
O desafio dos cientistas é torná-lo viável economicamente, uma vez que a unidade custa cerca de 300 dólares, o equivalente a 1.200 reais.
Veja como tudo funciona no vídeo abaixo.
Mais um vídeo com uma demonstração sobre como o sanitário funciona