
Antônio Martins Neto
Editor do Blog Mundo Possível
Os peixes e frutos do mar estão em extinção em várias partes do mundo e o culpado disso é o aquecimento global, que deixa os oceanos cada vez mais quentes, ácidos e com pouco oxigênio.
A combinação, insuportável para a vida marinha, tem sido observada em todo o globo, principalmente nas regiões costeiras tropicais, onde boa parte da população depende da pesca para ganhar a vida e para se alimentar.
O alerta foi feito na #Cop23, em Bonn, na Alemanha, por pesquisadores do Instituto Scripps de Oceanografia da Universidade da Califórnia – San Diego, que têm estudado os impactos do aquecimento global somado ao aumento significativo do consumo de pescados, de 10 quilos para 20 quilos per capita por ano, dos anos de 1960 até hoje.
Quem mais precisa é quem mais sofre as consequências do clima
Estima-se que 250 milhões de pessoas no mundo vivam direta ou indiretamente da pesca, sendo que 230 milhões estão no sudoeste da Ásia, onde já são observadas as consequências do aquecimento do oceano, como redução de cardumes, alagamentos costeiros, temporais extremos e migração populacional em massa.
Os especialistas lembram que os países desenvolvidos, e que mais contribuem para as emissões dos gases que provocam as mudanças climáticas, são os que menos sofrem os impactos do aquecimento global na indústria da pesca e os que têm menos habitantes dependentes dessa atividade econômica.
Nos Estados Unidos, segundo maior emissor de gases de efeito estufa, 5,4 milhões de pessoas têm a pesca como meio de subsistência.
Na Europa, a quantidade de pessoas que vivem da atividade pesqueira não passa de 2,5 milhões, enquanto na África o número chega a 18 milhões.

É necessário cada vez mais esforço para encontrar peixe nos oceanos
O acesso aos pescados, que contribuem com 15% da proteína animal consumida pela população em todo o mundo, está cada vez mais difícil em termos espaciais e também de profundidade em relação à superfície do mar.
Os peixes são capturados hoje pela indústria pesqueira a uma profundidade média de 500 metros, contra 100 metros em 1950.
O esforço utilizado, como número e tamanho de barcos, capacidade das redes e deslocamentos necessários para encontrar os cardumes, também aumentou, o que torna essa indústria cada vez mais agressiva e com custos mais altos.
“Vamos usar cada vez mais barcos, mais redes e mais tecnologia para encontrar cada vez menos peixe”, disse Andrew Johnson, pesquisadores da Universidade da Califórnia.
A economia azul tem que ser sustentável
Apesar do atual cenário, os oceanos ainda são vistos por muitos especialistas preocupados com os efeitos do aquecimento global como espaços para o cultivo de fontes alternativas de proteína animal para a espécie humana, cuja população global permanece em crescimento.
São os defensores da economia azul, como é chamada a atividade de exploração econômica dos mares e oceanos, que acreditam serem as algas um dos principais substitutos futuros da carne animal, cuja cultura demanda muita água potável e contribui significativamente para as emissões de gases de efeito estufa.
Os oceanógrafos da Universidade da Califórnia defendem uma exploração controlada dos oceanos e a inclusão da pesca sustentável como meio para alcançar alguns dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, como a eliminação da pobreza, a erradicação da fome, a igualdade de gênero e o combate à desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres.