
Por Antonio Martins Neto
Os Estados Unidos (EUA) nunca foram lá um grande exemplo a ser seguido quando o assunto é respeito ao meio ambiente.
No percurso para se tornar a nação mais poderosa do mundo, o país foi o que mais contribuiu para a emissão dos gases que provocam o aquecimento global ao longo de quase dois séculos, segundo estudo do World Resources Institute (WRI) que somou as emissões globais entre os anos de 1850 e 2016.
Os chineses, que desde 2006 são os maiores emissores do mundo, foram responsáveis por uma quantidade que corresponde à metade das emissões dos norte-americanos durante o período estudado, vindo em segundo lugar no ranking do instituto.
Outro levantamento que macula a imagem dos EUA no quesito responsabilidade ambiental foi feito em conjunto por duas das mais importantes universidades do mundo, as norte-americanas Columbia e Yale, que classificaram 180 países com base em 32 indicadores de desempenho, divididos em 11 categorias que abrangem saúde ambiental e vitalidade do ecossistema.
Os EUA ocupam a 24ª posição, um dos últimos lugares entre os países desenvolvidos.
Não bastasse a situação relatada acima, o Governo dos EUA tem levado a cabo o desmonte da política ambiental do país desde o dia em que Donald Trump entrou na Casa Branca e assumiu o poder a partir do Salão Oval.
Em quatro anos, 70 normas ambientais foram revogadas ou anuladas e outras 26 estão em vias de desaparecer, de acordo com análise feita pelo The New York Times com base em pesquisas das escolas de direito das principais universidades norte-americanas, como Harvard e Columbia.
Embora outras administrações tenham cortado normas e regulamentos, considerando-os prejudiciais a setores como carvão, petróleo e gás, o escopo das ações de Trump é “fundamentalmente diferente”, disse Hana V. Vizcarra, advogada do Programa de Legislação Ambiental e de Energia da Harvard Law School.
A diferença fundamental é que, na atual administração, a U.S. Environmental Protection Agency (EPA), agência criada justamente para proteger o meio ambiente no país, tem sido a autora da maioria das revogações, enfraquecendo principalmente o combater à poluição ambiental, o controle da contaminação do meio ambiente por químicos tóxicos e a proteção da vida selvagem.
Com as mudanças nos últimos quatro anos, diminuíram, por exemplo, as restrições para a exploração e o uso dos combustíveis fósseis, que passaram a ser utilizados com mais facilidade pelas geradoras de energia e pelos automóveis.
O retrocesso nas normas também facilitou a exploração de óleo e gás em terras protegidas para a preservação da vida selvagem, além de deixar sem cobertura legal mais da metade das zonas úmidas do país.
Desde que os EUA se retiraram do Acordo de Paris, no qual 195 nações se comprometem a reduzir as emissões dos gases que provocam o aquecimento global de forma a limitar o aumento da temperatura da Terra a menos de 2 graus centígrados até o final deste século, o objetivo de Donald Trump tem sido destruir o legado deixado pela administração Obama, um dos principais articuladores do documento assinado em 2015 na capital francesa.
Já o legado deixado por Trump pode ir além da destruição ambiental, uma vez que muitos dos investimentos e empreendimentos empresariais feitos com base na revogação das restrições ambientais estão sendo barrados na Justiça, gerando instabilidade jurídica e econômica para o país.


Foto da US EPA.
