Antônio Martins Neto
Ensinar crianças e adolescentes a poupar e a empreender pode ser uma estratégia para interromper o ciclo de pobreza em que elas vivem, tanto que o Ministério da Educação do Egito vai incluir a disciplina de educação financeira no currículo nacional das escolas primárias da rede pública de ensino.
O modelo adotado pelo Egito foi desenvolvido pela Aflatoun, uma rede de organizações não-governamentais que desde 2005 ensinou um total de 500 mil crianças de 25 países a enveredar pelo mundo do micro-empreendedorismo, financeiro e social.
A experiência parte de idéias simples e de recursos dos próprios participantes.
Na Argentina, por exemplo, enfeites de Natal fabricados e vendidos pelos alunos do ensino fundamental renderam dinheiro para financiar parte da viagem de final de ano e ainda começar um novo empreendimento.
Em Uganda, as crianças atendidas pelo programa aprenderam a fazer bonecas, cestas, bolsas e cartões com papel reciclado e a produção foi vendida numa exposição também organizada por elas.
“Quando uma criança poupa uma moeda, isso não representa mais do que ela tem no bolso, mas quando ela poupa um pouco mais, representa uma escolha”, diz Jeroo Billimoria, idealizadora e diretora executiva da rede.
Projeto Piloto
O conceito da Aflatoun é baseado num projeto piloto desenvolvido por Jeroo Billimoria no Estado de Maharastra, no oeste da Índia.
Tudo começou com um programa sobre os direitos da criança e do adolescente implantado numa escola local e que acabou por incluir práticas que levavam os alunos a guardar dinheiro e a desenvolver uma mente empreendedora.
A experiência criou nas crianças uma consciência sobre os benefícios de se poupar e um conhecimento sobre o funcionamento do sistema bancário, e ainda aumentou a auto-estima e a autoconfiança daquelas que participaram do programa.
Algumas influenciaram os pais, que também passaram a poupar e a empreender.
Nasciam então os clubes Aflatoun, que se espalharam por escolas e comunidades da Índia.
Em novembro de 2005, a experiência virou internacional com a fundação da rede em Amsterdã, na Holanda.
Um projeto piloto global, que envolveu dez países, foi implantado na época, com a missão de inspirar crianças a serem agentes de mudança em suas comunidades de origem e a lutar por um mundo com mais igualdade.
Agora a rede tem como meta fazer com que outros países sigam o exemplo pioneiro do Egito e incluam o empreendedorismo econômico e social nos currículos escolares.