Meio Ambiente

Lixo industrial tóxico exige tratamento sofisticado e Portugal domina a tecnologia

COIMBRA – O que fazer com os resíduos perigosos descartados todos os dias pela indústria, como resto de óleo usado na lubrificação de máquinas e equipamentos, embalagens de produtos químicos e terras contaminadas com substâncias tóxicas em processos siderúrgicos?

No Brasil, onde a coleta seletiva global está longe de ser realidade e 60% do lixo residencial ainda são descartados em lixões, o tratamento sanitário adequado dos resíduos industriais perigosos permanece desconhecido de boa parte da população.

O cenário não é nada animador. Segundo levantamento do Instututo de Pesquisa Economica Aplicada, o Ipea, o Brasil produz por ano cerca de 93 milhões de toneladas de resíduos industriais.

Pelo menos 72% são descartados de forma irregular em aterros clandestinos e lixões.

Se considerarmos que 3% do lixo industrial brasileiro são da classe I (perigosos para a saúde humana e para o meio ambiente) dá para imaginar o estrago que esses resíduos estão causando país afora.

Pernambuco é um dos muitos estados brasileiros que não têm um aterro sanitário capaz de dar um destino adequado e seguro ao resíduo industrial perigoso.

Tanto que os organizadores da II Missão Internacional de Sustentabilidade da Federação das Indústrias de Pernambuco, Fiepe, fizeram questão de incluir no roteiro uma visita a uma das principais unidades de Portugal para  tratamento desse tipo de lixo.

A Ecodeal, localizada na cidade de Chamusca, região central do país, processou no ano passado 220 mil toneladas de resíduos perigosos, movimentando 13,5 milhões de euros.

A central ocupa uma area de 32 hectares e tem quarto células para aterrar resíduos sólidos e líquidos, cada uma com 300 mil metros cúbicos de capacidade.

Processos sofisticados permitem a reciclagem do resíduos, num sistema seguro e limpo, em que até a água é tratada internamente.

Foram investidos 20 milhões de euros no empreendimento, que opera há seis anos e recebe resíduos industriais perigosos de todo o território português e também da Itália e de Israel.

Por Antônio Martins Neto

O repórter viajou a Portugal com apoio da Fiepe

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