“Microfinanças é uma estratégia de política pública para o desenvolvimento”. Assim o gerente de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros do Sebrae, Paulo Alvim, abriu sua participação no painel Microcrédito: arcabouço regulamentar e atuação do mercado. O evento foi realizado nesta terça-feira (30), durante o 4º Fórum Banco Central de Inclusão Financeira, que acontece em Porto Alegre (RS), em parceria com o Sebrae.
O gerente da instituição de apoio às micro e pequenas empresas lembrou que, apesar dos esforços dos agentes financeiros, do poder público, das cooperativas de crédito e organizações não-governamentais para ampliar o acesso ao crédito, os recursos ainda estão longe de alguns segmentos importantes. Ele lembrou que 60% dos quase três milhões de microempreendedores individuais (MEI) não acessam financiamentos e, dos 40% que conseguem acessar, só a metade consegue os recursos.
Alvim entende que dentro de quatro a seis anos, o numero de MEI deverá dobrar, o que vai gerar a necessidade de criar novos produtos para atender a expectativa desse público. “Precisamos usar a tecnologia social de atendimento e as ferramentas de comunicação e informação, sem comprometer segurança e sem incremento de custos. Precisamos cada vez mais ter ações voltadas para o pré e o pós-crédito”, disse.
Alvim afirma que a demanda pelo microcrédito está reprimida no país e tende a crescer nos próximos anos. “O universo potencial de clientes de microfinanças está entre 11 e 12 milhões de empreendedores formais – rurais e urbanos”, projeta. Segundo ele, a discussão sobre inclusão financeira exige a fixação de uma agenda de competitividade e inovação que incorpore de forma rápida e diversificada novos produtos de microfinanças.
Durante o painel, o secretário da Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa do Rio Grande do Sul, Maurício Dziedricki, apresentou os resultados do Programa Gaúcho de Microcrédito, lançado pelo governo estadual em dezembro de 2011. Segundo o secretário, o programa integra o conjunto de políticas públicas de fomento à economia solidária, que foca na formalização e consolidação das microeconomias regionais do estado.
Em nove meses, o programa atingiu 75 dos 496 municípios gaúchos e fechou 12 mil operações, no valor total de R$ 107 milhões. Segundo o governo gaúcho, 9% das operações foram concedidas a pessoas físicas, o que demonstra a necessidade de implemar esforços pela formalização.
Representantes de duas instituições financeiras, uma privada e outra pública, que atuam no mercado de microcrédito apresentaram seus produtos e serviços durante o painel. “Microcrédito é agente de transformação”, disse Stélio Gama Lyra Júnior, diretor de Gestão do Desenvolvimento do Banco do Nordeste do Brasil. Já o superintendente do Santander Microcrédito, Jerônimo Rafael Ramos, afirmou que “o microcrédito é um negócio, mas negócio social, que promove educação, inclusão social e financeira”.
Para o Sebrae, a inclusão financeira é tema central para o país alcançar o desenvolvimento. O crédito é fundamental para melhorar a produtividade e competitividade das micro e pequenas empresas.
Leandro de Souza, enviado especial a Porto Alegre
Da Agência Sebrae