Com o desemprego tirando o sono e o sustento de europeus e norte-americanos, prefeitos e representantes de mais de 200 cidades de todo o mundo se reúnem até sexta-feira (19), em Madri, na Espanha, para discutir formas de fomentar o empreendedorismo local e a criação de empregos.
A sustentabilidade econômica das cidades é o foco da sétima edição do Fórum Ibero-Americano de Governos Locais, evento da Rede Global de Cidades e Governos Locais e Regionais (UCLG, na sigla em inglês), entidade que desde 2004 defende a idéia de que os principais problemas globais, como pobreza, aquecimento global, desemprego e migração têm de ser atacados com ações locais.
Segundo a entidade, os problemas globais são cada vez mais problemas urbanos e isso se explica pelo aumento constante da população das cidades. Se em 2007, um em cada dois habitantes do paneta vivia em cidade, essa proporção vai ser de dois para cada três no ano de 2030.
Além da superpopulação, a pobreza e o desemprego também ameaçam o bem estar nos meios urbanos, apesar das cidades concentrarem 75% da riqueza global. E vale uma nova projeção: em 2008, uma em cada seis pessoas vivia em favelas. Em 2050, a razão deve ser de um para três.
Veja abaixo o vídeo institucional da UCLG, em espanhol.
Nesses dois dias de reunião em Madri, os participantes do fórum vão discutir os pontos levantados num documento base elaborado pela Rede de Observatórios para o Desenvolvimento Participativo.
Segundo o texto, a sustentabilidade econômica das cidades depende da formação e do acesso ao financiamento para as pequenas e médias empresas, assim como da adoção de políticas para fomentar a inovação e a promoção de clusters.
O documento recomenda a adoção de catorze pontos (clique aqui para ler o documento na íntegra, em espanhol):
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Uma vez habilitados e com recursos adequados, os municípios podem ajudar a impulsionar uma ampla gama de atividades para melhorar as condições de vida dos cidadãos por meio do desenvolvimento econômico, para o qual o papel das autoridades locais é fundamental.
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Os protagonistas são os melhor conhecem a própria atividade, por isso é fundamental consolidar uma cooperação público-privada que envolva a integração do pessoal local como forma de garantir a boa execução dos planos de desenvolvimento.
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Concentre esforços públicos nas actividades prioritárias, aquelas identificadas como fundamentais dentro do conceito de território económico, apostando na qualidade do emprego e na formação dos trabalhadores.
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Promover a articulação de atores públicos e privados para institucionalizar o apoio empresarial nas áreas de gestão, treinamento da força de trabalho, acesso à inovação, crédito, comercialização e identificação de novos mercados.
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O ambiente de operação das economias locais é internacional. A globalização é aqui, se os territórios e os governos locais não vão para o exterior para competir, as condições de competitividade e desenvolvimento acabam vindo de fora.
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As pequenas e médias representam a grande maioria das empresas, empregadora de mais da metade dos trabalhadores mundiais, tornando-os portanto a base da geração de emprego.
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O desenvolvimento de habilidades empreendedoras, a criação de um ambiente inovador, a criatividade e uma melhor utilização dos recursos existentes, incluindo aqueles ligadas ao patrimônio e à cultura local e ao meio ambiente, são essenciais para promover o desenvolvimento de negócios locais.
- Quando se trata de promover as pequenas e médias empresas, é necessário garantir não só infra-estrutura, mas também incentivo, apoio, aconselhamento e consolidação do projeto ao longo de sua vida.
- As pequenas e médias empresas são afetados pelo acesso limitado ao financiamento, adoção baixa e lenta de inovação, presença limitada no mercado internacional, e dificuldade de acesso a mão de obra qualificada.
- É preciso mudar a cultura das pequenas e médias empreas, a principal barreira às inovações, oferecendo consultoria especializada
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Incentivar a inovação, a criação de conhecimento e as ações de marketing deve estar nas diretrizes de ação públicas para criar redes público-privadas de serviços de apoio às empresas.
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Reunir iniciativas empresariais e estimular a organização de Clusters possibilita uma articulação entre as pequenas e médias empresas para reverter o isolamento dos empreendimentos.
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Remover as barreiras administrativas ao empreendedorismo, pois o atraso no procedimentos podem levar ao abandono ou fracasso do projeto das pequenas e médias empresas.
- Trabalhar em prol da internacionalização das pequenas e médias empresas, de forma a explorar a economia de escala por meio da diversificação de ciclo interno de produção.