Na terceira e última reportagem da série Coreia do Sul: a Ásia sustentável, conheça o projeto de revitalização do rio Cheonggyecheon, cujas margens foram transformadas em parque – com pedras reutilizadas e 400 hectares de verde – e a água voltou a correr cristalina pelo centro de Seul.
Por Antônio Martins Neto
Em julho de 2003, picaretas, tratores e guindastes invadiram o centro de Seul para dar início a uma das obras públicas mais ousadas da capital sul-coreana: construir um parque ao longo de um rio que até então estava coberto por uma das avenidas mais movimentadas da cidade.
O rio Cheonggyecheon atravessa Seul de leste a oeste, tem 13,5 quilômetros de extensão e, se no passado foi um importante caminho imperial, a partir de 1966 teve suas margens invadidas por prédios, a maior parte comercial.
Com o vertiginoso crescimento econômico da Coreia do Sul e o consequente aumento de habitantes e de carros em Seul, uma avenida e um longo viaduto cobriram o leito do Cheonggyecheon.
O concreto dominou a paisagem por 44 anos até a prefeitura apresentar o projeto de restauração, proposta que gerou polêmica e debates entre políticos, moradores e comerciantes da região central da cidade.
As obras começaram com a destruição da avenida e a demolição do viaduto, uma via expressa com seis faixas por onde passavam cerca de 160 mil carros por dia.
O concreto que veio abaixo foi estimado pela prefeitura em 620 mil toneladas.
Paisagem
Dois anos e três meses depois, Seul ganhou um novo cartão postal, com parques arborizados lineares ao longo de oito quilômetros.
O projeto, referência em humanização de cidades, consumiu 380 milhões de dólares, investidos também na despoluição do Cheonggyecheon, cuja água voltou a ser limpa, sem odores e a ter peixes.
Numa região dominada por arranha-céus, o rio virou um canal por onde sopra o vento, a ponto de a temperatura no local ser 3,6 graus abaixo do restante da cidade.
Já os comerciantes que estavam temerosos com uma possível queda no movimento lucram hoje com a multidão de moradores e turistas que freqüentam o local dia e noite.
Veja vídeo sobre o projeto (com legenda em inglês).
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